Trabalhos autorais feitos entre outubro de 2019 e junho de 2020 que, de uma forma não planejada, acabaram por formar uma série, por circularem em volta das mesmas temáticas, tanto de maneira visual como lírica.

O nome "derramar-se" foi título de uma exposição que realizei no espaço bar.co durante novembro de 2019, que continha alguns desses trabalhos e outros mais antigos. Derramar-se fazia referência não só à ilustração da cachoeira, mas também serviu como uma síntese do que se passava em meu melancólico imaginário durante essa fase. Involuntariamente um universo idílico foi se desenhando para mim e um tempo depois entendi que aquelas visões eram tentativas da minha mente de organizar de alguma forma as sensações, pensamentos, e lições que a percorriam. Algumas dessas visões se traduziram nestas ilustrações digitais, que em geral abordam entre si cenas amplas, experimentando com as relações de escala entre personagens solitários e monumentos de partes do corpo humano em ruínas. As reflexões que elas trazem giram em torno da impermanência, do isolamento, da descosntrução, reconstrução e ressignificação; como se os personagens estivessem em uma jornada introspectiva, buscando a si e aceitando o que há. Derramar-se é assumir a vulnerabilidade de ser, de sentir, de remoldar-se ao atingir o outro, é libertar-se ao mesmo tempo que é regressar à essência de si.

Mesmo fazendo parte de um processo profundamente pessoal, acredito que essas ilustrações têm a capacidade de alcançar os outros e assim, quem sabe, de também curá-los.


EN
Personal works made between October 2019 and June 2020 that, in an unplanned way, ended up forming a series, for circulating around the same themes, both visually and lyrically.

The name "derramar-se" (the idea of spill yourself) was the title of an exhibition that I held at a local bar-gallery during November 2019, which contained some of these works and others older. "Spill yourself" (derramar-se) referred not only to the illustration of the waterfall, but also served as a synthesis of what was going on in my melancholic imaginary during this phase. Involuntarily, an idyllic universe began to be drawn in my mind and a while later I realized that those visions were my mind's attempts to organize in some way the sensations, thoughts, and lessons that ran through it. Some of these visions have been translated into these digital illustrations, which in general among themselves approach large scenes, experimenting with the relations of scale between solitary characters and monuments of ruined human body parts. The reflections they bring revolve around impermanence, isolation, deconstruction, reconstruction and reframing; as if the characters were on an introspective journey, searching for themselves and accepting what is there. Derramar-se is to assume the vulnerability of being, of feeling, of remolding yourself when reaching the other, it is to free oneself at the same time as it is to return to the essence of oneself.
Even though they're part of a deeply personal process, I believe that these illustrations have the ability to reach others and thus, who knows, to also heal them.

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